sábado, 21 de junho de 2014

Espanha X Holanda

Não é de hoje que o futebol foi transformado num circo transnacional. Jogadores, principalmente latinos, cada vez mais jovens rumam para a Europa ou para a Ásia, em certos casos tendo pouco contato com sua cultura natal. Isso é aceito mundialmente por quase todos os torcedores sem maiores controvérsias. Entretanto, parte desses mesmos torcedores não consegue transcender o bairrismo quando se trata de disputas entre seleções. É esse tipo de falta de reflexão mais ampla que fez com que, por exemplo, boa parte da torcida na Fonte Nova no jogo entre Espanha e Holanda, vaiasse o brasileiro Diego Costa por vestir a camisa da seleção espanhola. 

O que essa intolerância não consegue assimilar é que se Diego pode ganhar o dinheiro do Atlético de Madri, ele também pode optar por representar a seleção que lhe oferece melhores condições para conquistar seus objetivos. Esse exemplo mostra como parte da população vestiu a camisa do time dos que manifestam sua voz, sua frustração (agora já pode), entretanto, acaba canalizando sua energia pro alvo errado. O problema não é Diego Costa, o problema é a mercadificacão selvagem do futebol e de vários aspectos da nossa vida cotidiana. Se é legal poder vaiar e protestar contra o que se acha errado, é preciso ter mais capacidade de reflexão para não vaiar e protestar contra a parte mais frágil do jogo, já que isso é mais fácil, porém de pouca resolutividade. De modo geral, essa é uma característica dos que aprenderam que podem lutar, mas ingênua e covardemente, lutam contra os mais fracos que muitas vezes estão do mesmo lado do jogo.


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