domingo, 13 de novembro de 2016

Entre o encantamento, o desencantamento e o reencatamento!


Duas questões para perceber até que ponto domingo é dia de descanso. Primeiramente, como equacionar as duas demandas que as sociedades ocidentais estão vivendo cotidianamente e a sociedade brasileira em particular; o foco da política tem que priorizar as minorias de gênero e racial, principalmente, ou deve focar nas questões das classes populares que acabam encontrando respostas imediatas na teologia da prosperidade e na intolerância para com as minorias?  Nessa encruzilhada, quem acredita na diminuição das desigualdades via redução das violências de gênero e racial, da legalização do aborto e das regulação das drogas é posto no outro lado do ringue de quem quer a diminuição da miserabilidade com inclusão no mercado de consumo (consumo apenas, pois inclusão cidadã exigiria boa educação e boa saúde pública, o que está fora de cogitação no momento) utilizando a falsa equação: precarização/terceirização = empreendedorismo. É como se essas duas pautas para minorias e maiorias fossem incompatíveis. Ou é Freixo ou é Crivella. Não há como conciliar essas duas agendas? Não há possibilidade de diálogo? 
A outra questão é menos focada no contexto brasileiro, mas não está desconectada
Quando da votação do Brexit a comunidade  planetária mais progressista ficou tranquila achando que a vitória da permanência do Reino Unido na CCE estava garantida. Deu no que deu. Agora, na eleição estadunidense foi a mesma coisa, os pós -moderninhos tinham certeza da derrota de 
Trump. Esses dois prognósticos equivocados mostram  como a população do hemisfério norte está mais imprevisível do que supõem  os institutos de pesquisa eleitoral e isso reflete uma despolitização em massa ou pelo menos o esgotamento do modelo tradicional de fazer política. Aí surgem brechas que aparentes novidades tratam de preencher e talvez daí tenha saído o êxito inicial do Brexit e de Trump ao explorarem esse vácuo do desencantamento da política. 
No caso do Brasil acontece um desencantamento próximo, pois de outro modo fica difícil compreender a ascensão de Crivella e também de Doria que são extremos opostos ao proposto por Freixo. De um lado, o populismo do bispo que atende às maiorias que não querem perder a chance de se manterem incluídas  no mundo do consumo. Do outro lado, o populismo de um empresário  que pretende assegurar à outra maioria, a dos "privilégios econômicos" dos apreciadores de Romero Brito, a permanência do status quo de modo que nenhuma mudança na CLT possa abalar. O desencantamento brasileiro e mundial desenham essas caras . Ao fim e ao cabo, depois dessas questões postas surge outra: É possível algum reencantamento para que liberdade, igualdade e fraternidade façam parte da mesma bandeira em alguma nação do planeta?