Duas ou três observações sobre essa semana e suas manchetes. No áudio
gravado por Patrícia Lélis em uma conversa tensa com um assessor de Marco
Feliciano não deve passar despercebido que entre as várias pessoas que tentaram
por panos quentes no caso de estupro, foi citado o nome da psicóloga Marisa
Lobo, aquele da cura gay que já foi cassada, descassada e recassada pelo CFP e
hoje nem sei como anda sua legitimidade para clinicar. Outra observação que
merece destaque é que o assessor (que se apresenta como conselheiro de Feliciano)
aponta que Patrícia (ou qualquer pessoa) não deve se preocupar com os pastores
que estão ganhando muito dinheiro, mas com quem usa barba, turbante e burca.
Quer dizer, a má fé e a corrupção devem ser esquecidas, pois o problema maior
está naqueles que podem ser estereotipados como terroristas. Desse modo é
legítimo que ela aceite dinheiro para abafar o caso.
Uma outra observação deve ser feita em relação à cerimônia de abertura
dos jogos olímpicos. Algumas pessoas estão postando e comentando que a
plasticidade do espetáculo foi pura maquiagem, uma farsa para esconder os
problemas do país. Coisa mais ingênua ou mal intencionada! Os problemas
nacionais estão nas mídias em tempo integral, impossível maqueá-los! Todas as
aberturas de jogos primam por ressaltar os aspectos identitários mais belos de
cada país. Foi assim em Pequim, em Londres, em Barcelona e em qualquer outro
lugar. O espetáculo de ontem foi primoroso principalmente por exibir a
diversidade do nosso cotidiano e suas tensões. Lá estava o símbolo olímpico
formado por folhas (que pareciam) de maconha, uma modelo trans puxando a
delegação brasileira, uma criança negra sambando elegantemente ao lado do
grande Wilson das Neves, Paulinho da Viola mandando o hino nacional com seu
estilo peculiar, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima (que venceu mas não
levou em Atenas em função do assédio de um fã) acendendo a pira olímpica e todo
o restante envolvido por uma plasticidade cênica espetacular. E vale ressaltar
a participação da plateia que mandou uma vaia calorosa mas totalmente
respeitosa para o presidente interino, bem diferente do "vá tomar no cu"
dirigido à presidente afastada na abertura da Copa do mundo.
E como o mundo não acabou essa semana, de acordo com o previsto, o
país vai continuar passível de observações e intervenções. Bola pra frente, que
mesmo sem título, atrás vem gente!