Entre muitas questões polêmicas
que rolam no campo cotidiano uma está na marca do pênalti. Há uma campanha em
curso que objetiva marcar historicamente o basta, o limite, o fim à aceitação
passiva da corrupção e da desigualdade social no país. Essa campanha é chamada de “Não vai ter Copa”. Ok, esse bordão pode ser uma simples metáfora,
mas observando o entorno da campanha com atenção, mais uma vez, o futebol é
confundido com o vilão da história quando muitos não entendem (ou não lhes é
facilitado entender) que o futebol não gera corrupção, mas pode ser utilizado por
ela, assim como a música, as telenovelas, a religião, o carnaval e a própria
politica partidária também o podem.
É preciso ressaltar que sendo um erro de estratégia política (que para uma minoria é um acerto econômico) realizar a Copa do Mundo em um país
carente de investimento em vários setores sociais, da educação a saúde, passando
pela mobilidade urbana, esse equívoco não é uma questão específica do esporte
bretão mas sim da cultura política e econômica dominante. Daí a publicizar que o futebol é sinônimo de alienação e por isso deve ser boicotado se incorre em um erro de
interpretação, levando a formulação de um falso problema. É como afirmar que se
os alimentos estão contaminados por agrotóxicos e o ar está poluído por metais
pesados, se deve boicotar o comer e o respirar ao invés de buscar os aspectos
desencadeadores dessa dupla poluição para assim tentar administrá-los.
Os esportes fazem parte da
cultura, responsabilizá-los pelas deficiências da estrutura cultural só deixa claro que a miopia coletiva não permite que se enxergue além das dúvidas,
dúvidas estas que acabam funcionando como as grandes certezas.