sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A Esfinge e o insight




A lua passa no escuro
iluminando
o outro lado do muro




A gata escala o muro
seus olhos brilham



dando sentidos ao escuro...




domingo, 20 de novembro de 2011

Quem tem bolso vai a Roma...

No começo do milênio a galera jovem se empolgou com as culturas extremas que  incluíam esportes radicais como sky surf, le parkuor (interessantíssimo por conseguir dar sentido as caóticas estruturas urbanas), festas raves, e propostas mais radicais que abraçavam a possibilidade de imprimir uma marca supostamente personalíssima ( ou se preferirem, customizada) ao próprio corpo, como é o caso dos adeptos do body modification. Havia naquele período algum otimismo em relação à Cultura de Consumo como também indicavam,  as altas vendagens de livros de auto-ajuda e a busca por terapias alternativas.
 Agora, depois da crise econômica de 2008 e da que vem sendo profeticamente anunciada desde os Maias (seriam os Maias doutores em economia?) para o ano que vem por aí (aos que se decepcionaram pelo mundo não ter acabado no 11/11/11, em 2012 haverá uma nova chance), a galera jovem se contenta com os UFC da vida, uma volta a barbárie romana, que pode indicar a decadência do otimismo que abre mão de maiores elaborações e/ou sutilezas de interpretação. A galera quer sangue e pronto! Chega de luvas de pelica pra encarar o cotidiano. Nesse sentido, não é surpresa que cada vez mais se recorra a ansiolíticos e antidepressivos, (sim, essas são as drogas  mais  vendidas nos dias de hoje e mais relacionadas a casos de  dependência, para além do  crack e congêneres, apesar dos jornais geralmente indicarem em sentido contrário). Sinal dos tempos? Bem, os shoppings centers continuam cheios, cheios de vazios...


domingo, 23 de outubro de 2011

Em perspectiva
















Quando  o sol se põe,
está posto que a favela
seja oásis, colírio, miragem
aos olhos que de longe observam










terça-feira, 4 de outubro de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sonho Nº3

Acordei esta manhã
do sonho de estar morto
morri de medo e voltei a dormir
pra ressuscitar e acordar
antes do sonho acabar.

sábado, 20 de agosto de 2011

Que horas são?

Quando as coisas estiverem muito ruins
não esquente mais que o necessário,
conte 30 minutos 
pra ver se o desespero chega.
Se faltando um minuto nada melhorar,
adiante o relógio e veja
se a hora do sufoco já passou!


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bicicleta

Lá vai você
pedalando sob a chuva
de olho nas estrelas
numa estrada sem asfalto,
 numa rodovia sem trevo
É, lá vai você
pedalando nas estrelas
sob a chuva de trevos
sem olhos pro asfalto, 
sem retorno, sem freio

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Desconstrução e Reencantamento




Chega de duelos
agora
eu quero os elos



Quadro: Revoada de Corvos – Lydia Sepulveda




Enquanto os Anarquistas passam férias na Disneylândia


o ego ferido está ferido ou é desculpa
por se achar perdido?
a teia de aranha é uma teia ou é um link
com as windows?
o amor sofrido é sofrido ou é um sonho
mal resolvido?
o buraco no sapato é um buraco ou um contato
com o underground desconhecido?
o medo de não ser compreendido é medo ou é culpa
por ter nascido?
a falta de sentido é sentida ou enfim
faz sentido?


Quadro: Sansara - Lydia Sepulveda


domingo, 29 de maio de 2011

Meditação


 Jogador
jogue a dor
pra fora da meta

 Para escanteio
jogador,
jogue a dor

Jogue amor
para dentro do gol
jogador


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fast food, Slow food



Se o apressado come cru
quem chega atrasado
nem come


                                                                                                                            
Fotos - Bertrand Duarte



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Polifonia


 Do meio do infinito o som vibrou:                 -  Diga alguma coisa!
 Do fundo do coração o silêncio respondeu:
- Pra quê?

Foto - Ricardo Fernandes



segunda-feira, 25 de abril de 2011

Improviso


                          quando não tem platéia
                      um espelho  basta!



domingo, 24 de abril de 2011

Aos navegantes *

        

    Navegar é preciso/ viver é impreciso



*  intoxicação poética - antes que falem em "carona não autorizada", só muito depois de psicografar o texto acima descobri que Millôr Fernandes já havia navegado pelos imprecisos mares poéticos aqui em curso...  Avante Argonautas!!!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Fiat Lux



Foto - Rosa Sajardo

Portas da Percepção

A porta que se fecha
se abre do outro lado
assim como
os passos que te seguem
seguem do teu sapato

O pneu que vira e mexe
fura,
te deixa na mesma curva
 mesmo porque
a chuva que molha
não chove na sua horta
 
O gelo que se quebra
se quebra em sua janela
pela simples razão
da  sombra que te toca
desaparecer em tua porta




Passagens


Passas
passas sem sentir
passas sem mentir
passas em mente
passas sem semente
passas contente
e como passas
sempre

Passas com cheiro
passas por cima do erro
passas bien, passas mal, passas now
e como passas
muitas

Passas seca(s)
passas molhada(s)
passas por cima de mim
passas daqui
passas do Chile
passas da Califórnia
passas por mim
passas dessa  pra melhor
no pasa nada

Os passados presentes passam
no que passas  ressecam, desidratam 
passa a história com suas estórias
e o seu sumo,
passarás
  
Foto - Ricardo Fernandes


O outro ortuo O

                       
nenhum outro te vê êv et ortuo muhnen
como você se vê, ,êv es êcov omoc
basta mirar o espelho ohlepse o rarim atsab
onde há algo ogla áh edno
invertido,trocado,distorcido,odicrotsid, odacort ,oditrevni
confundido com você êcov moc odidnufnoc
pros outros, é seu eu ue ues é ,sortuo sorp
pra você, é o outro ortuo o é ,êcov arp
A esse que chamam você êcov mamahc euq esse A
o chamam sem perceber rebecrep mes mamahc o
que de você ele traz o avesso osseva o zart ele êcov ed euq
o reverso da medalha, ,ahladem ad osrever o
se você diz alô ôla zid êcov es
ele diz olá, ,álo zid ele
se você quer ficar racif reuq êcov es
ele é quem sai à procurar rarucorp à ias meuq é ele


Transplantar

Transplantar
é privar a planta
de um lugar
e enraizá-la em outro
ou enraizar a planta
em um lugar,
de outra planta privado


Cruzando os pés

O pé que entra
mira nos olhos e reconhece
o pé que sai



Olho por Olho




Abrir o olho direito
é olhar através do vazio
e mirando a janela
 enxergar a rua
Fechar o olho esquerdo
 é ir além do olhar
é estar mirando a rua
enxergando a janela


Foto - Bertrand Duarte




Uma mão lava a outra

Palavras de segunda mão
às vezes soam
como napalm
nas palmas batidas
por outras mãos



Código Antropogenético

Cabelo é célula morta
mas tem atração magnética
Unha também é célula morta
e é identificação genética
Gente é célula viva
mas é situação pendente



Política

Quase todos os corpos
merecem desejo
do mais belo
ao mais feio 



Inverno

Me dê colo
o resto
eu descolo

 


Grandes Lábios

Os grandes lábios que te bebem
os grandes lábios que te engolem
por você são sugados
por você são comidos
sem culpa nem cerimônia

Com um batom lisérgico
os grandes lábios do planeta
se abrem e te tocam
fazendo de você  mendigo, um príncipe encantado
te mostrando no pecado, um princípio sagrado
 se ofertando em sobremesa,
sobre a cama, em meio à lama

Entre os lábios grandes do tempo
descansa a boca de espera
desenha-se o último sorriso
prepara-se o beijo  fatal,
o beijo que te fascina
o sorriso que te ilumina
a boca que te recolhe




Boquete

Na amoralidade
amo
oralidade


Nas Bocas

Roubei tua escova de dentes
pra nas noites solitárias
sentir teu gosto



Sangue I

Você mulher infiel
ontem me traiu com Deus
mas hoje você se fodeu
nem ele, nem eu


Sangue II

 Depois do gozo
você dorme entregue
nos braços de Morfeu
mas não esqueça
não foi Morfeu quem te comeu,
fui eu


Amor Incondicional

Meu amor me ama tanto
que sempre perdoa
as mais estúpidas mentiras,
até mesmo quando digo:
eu te amo!




O Bloco dos Corações Rasgados

(Domingo de Carnaval)
Em meio à multidão
um olhar anônimo
esbarra com o meu
No meio do batuque
a distância daquele olhar
pouco espera muito
apenas põe em foco
as respostas
que os olhos buscam no brilho
dos corpos

Dispensando perguntas
o Bloco desce a Avenida
e os olhos vão se cruzando
envesgando,
sem mesmo ver
por que o porquê que responde
é diferente do por quê que pergunta
O som visível vai ficando
enchendo os corpos de cores
vislumbrante visão momesca
código decifrado
confirmando que a equação
tem mais que dois lados
Os olhos passam
e vão se afastando
apenas lacrimejando
quando se veem de longe,
sabotando
a autossabotagem
que enquanto calada
faz muito ruído
pra ouvir o que diz
Muito além da multidão
um olhar anônimo
esbarra com o seu
sou eu no espelho
sou eu na tv
sem olhos pro desfile
cem olhos em você

(Quarta-feira, entre as cinzas e a Cisma)
O Carnaval acabou ontem
mas ontem
ainda não acabou...


Matemáticas - o sujeito e seus objetos


Pessoa
é verbo sem tempo
você
é  plural de mim
em nós
o singular de vós
 sua voz
 um singulares
Tempo
é voz pessoal
indicativo
sou eu em ti
a voz
plural de nós
 o gênero
 plurais





Oxigênio Letal

Agora
que a página virou
você já nem se importa
se o parafuso não entra na porca
ou se a flor já nasce morta
nossa linha está mesmo
 toda torta
Página virada ao vento
o presente até parece
que  esgotou sua cota
 ainda  na largada
e se a hora foi ontem
nos falta vergonha
 na  cara
pois falta tudo
 e não falta nada
só mais uma falta
na entrada da área
falta sem barreira
 falta sem fronteira
falta um motivo
pra dizer quem falta
 na lista de chamada
afinal
nas mais puras águas
poucos peixes  nadam