quarta-feira, 14 de agosto de 2013

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Um toque de classe



Tem sido ventilado q há uma nova Classe Média em atividade, abrangendo, grosso modo, àqueles q os institutos de pesquisa com seus censos e surveys de fim de semana batizaram anteriormente como pertencentes às Classes C e D. Esse referido segmento da população equivale aos q, na última década, passaram da condição de pobreza, na qual apenas consumiam o suficiente para se manterem vivos e com potencial de trabalho (geralmente sem carteira assinada), a condição de incluídos na cultura de consumo, na qual frequentam Shopping Centers não apenas para namorar vitrines. Q estes cidadãos possuem um maior potencial de consumo é fácil de constatar em sentidos amplos e ambivalentes - basta lembrar q o País deixou de ter muita gente passando fome para ter um grande segmento populacional q corre risco de sofrer com os danos da obesidade. Mas seria justo rotular esse segmento de nova Classe Média?
Um ponto q parece fundamental para definir sociologicamente a categoria Classe Média é q seus “frequentadores” tenham posse de um determinado capital cultural incontornável, o tempo. Vejo algumas pessoas q deixaram de ser pobres e desfilam por aí com seus carros cujo modelo é trocado todo ano, com seus smartphones e tablets de última geração, suas novas moradias em bairros q podem ser considerados luxuosos com seus requintes de segurança, mas trabalhando de domingo a domingo para manter esse padrão de ostentação, alguns com  financiamentos e dívidas sempre por vencer.  No arriar das malas, quando viajam pra Buenos Aires ou Miami, assim q chegam já estão arrumando as malas pra voltar (claro q essas 24 ou 48h estarão amplamente registradas no Facebook e no Instagram) e possivelmente dizem: descansar é perda de tempo.

Se a antiga Classe Média se dava ao luxo de trabalhar dentro de um tempo planejado (levando em conta q boa parte dela vivia no cabide de emprego q a geração getulista herdou só pisando na repartição para receber o contracheque, mas também levando em conta os q trabalhavam no máximo dez meses e meio por ano, considerando férias e feriados, para aproveitar o mês e meio restante) essa nova Classe Média quase não pode se dar ao luxo de ter férias.  A única exceção q vai se configurando como possibilidade para  usufruir o “tempo” enquanto um capital cultural tornado exótico, está ao alcance dos oriundos da Classe Alta, totalmente incluídos na cultura de consumo, e  cujo ócio pode ser criativo ou não. Por outro lado, os q são chamados de párias e de marginais, (muitas vezes sobrevivendo em situação de vulnerabilidade), pelo gradual enxugamento do mercado de trabalho não sendo candidatos a inclusão econômica, pelo menos não no mercado formal, são os q mais trabalham. E pelo q temos visto, pra ser um marginal de longa durabilidade no Brasil (q não se confunda esse sobrevivente com os malandros de terno e gravata q circulam por aí) é preciso trabalhar muito, sem tempo pra pensar no valor do relógio ou no sentido da Classe na qual são incluídos por terceiros.