sábado, 15 de dezembro de 2018

Lembrança presente

Lembro que quando estudante de Psicologia uma das impressões mais fortes aconteceu quando fiz estágio em Psicopatologia Geral I no Ana Nery (ficava na Lapinha) durante um semestre e pude observar o impacto do tratamento de Saúde Mental em algumas pacientes da ala feminina.  Uma das conclusões marcantes do relatório final foi a constatação da relação presente entre sexualidade feminina, religião e violência  em todos os seis casos  acompanhados de jovens mulheres negras, pobres e do interior - estou falando sobre o que ocorreu em 1985 ou 86. Minha supervisora ficou impressionada com a interpretação feita e a observação posterior em Psicopatologia Geral II, já no Juliano Moreira, seguiu por essa linha de observação.
Esses dias podemos acompanhar  por intermédio das mídias uma personagem pública que foi vítima de violência sexual e posteriormente enveredou pela carreira na religião, assim como outra personalidade pública que enveredou pela carreira religiosa e gerou violência sexual no seu próprio contexto de atuação. Agora já não é preciso estar numa instituição de Saúde Mental para ter certeza que aquela conclusão do período estudantil continua válida e precisa ser estudada com mais atenção. A questão é como a sociedade conseguirá absorver os impactos por trás daquela conclusão e realizar intervenções que reduzam os riscos e danos dessa realidade.  

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Pegando a visão





Metade seca, metade molhado
metade fruta, metade vácuo
assim, nesse quadro você escolhe
o tudo que te cabe

tudo certo, tudo errado
tudo vida, tudo morte
assim, nesse dia você escolhe
o presente que te acolhe









terça-feira, 23 de outubro de 2018

A geopolítica do caos

O planeta está ficando plano. Prova disso é que querem colar Miami onde sempre esteve o Nordeste do Brasil. 
O planeta está ficando sem plano A. Prova disso é que querem construir muros onde se precisa de pontes. 
O plano B está ficando sem planeta. Prova disso é que querem criar as crianças numa relação EAD, sem olho no olho, sem o toque carinhoso que gera confiança.


quarta-feira, 18 de julho de 2018

Condição Brasilis

Ser vira-lata por não ter dono ou coleira não é o problema. O problema é ser vira-lata por não se reconhecer sem um dono ou sem uma coleira.


Sexo

Transar com camisinha de força é não se reconhecer num lugar de escuta quando do gozo da fala alheia


A luz!

Você me eleva
quando me faz sentir pequeno por mais que a sombra cresça

Você me releva
sempre que me invade o espaço que deveria ser quase público

Você me revela
nas vezes em que diz que sou um sujeito de sorte
por não ter que limpar a maquiagem do sorriso 


quarta-feira, 11 de julho de 2018

Questão de raça!?!



Como tem sido cada vez mais comum adaptar o discurso racial estadunidense ao Brasil (por exemplo, o colorismo foi pautado pelas redes sociais depois que a negra de pele clara Fabiana Cozza foi "barrada" para o papel da negra de pele escura Dona Ivone Lara sem levar em conta que o Brasil é miscigenado e os EUA não são) talvez seja interessante perceber outros olhares sobre a questão. A Netflix pode ajudar nisso. Nela, duas obras trazem para perto olhares incomuns sobre o tema até em suas terras de origem. 

O primeiro olhar está presente em Atlanta, série estadunidense criada, estrelada e às vezes dirigida por Donald Glover, aquele que quebrou a Internet há pouco tempo com o pseudônimo (ou alterego) de Childish Gambino e seu vídeo viral This is America. Sim, aquele vídeo do jovem negro sem camisa em situações que remeteram a episódios de violência física que marcaram os EUA na última década. Na série exibida pela Netflix é trazido outro tipo de violência, também estrutural, porém muito mais simbólica do que física, a violência embutida na tentativa de ascender socialmente em ambiente onde as oportunidades não são iguais para todos os negros. O personagem de Glover tentar ser o empresário do rapper Paper Boi em situações que num primeiro olhar (quero dizer, num olhar “tipicamente brasileiro”) não trazem nada de engraçado ou filosoficamente relevante. É aí que está o segredo da série, na sutileza com que trata os pormenores das relações cotidianas - quem não tem intimidade com a ironia e o sarcasmo corre o risco de não penetrar na viagem. Certas situações que podem ser pensadas como humilhantes e geradoras de pura estigmatização recebem um tratamento que podem fazer o espectador questionar qual é sua zona de conforto enquanto observador dessa história. Glover consegue ser sutil quando muitos seriam grosseiros.


 
Já no filme Mais uma página, atravessamos o Atlântico na companhia de Kagiso Lediga e vamos parar na África do Sul. Quem aqui sabe alguma coisa sobre a África do Sul além de Mandela e do Apartheid? Esse filme despretensioso de Lediga (também escrito e protagonizado por ele) nos oferece a oportunidade para conhecer esse território, mas mesmo assim nunca se está totalmente preparado para um outro tããão distante. Quem poderia imaginar que os problemas dos negros "não tão pobres" de lá não são tão diferentes dos negros não tão pobres daqui? Sim, porque, o primeiro choque cultural é perceber que um filme que se passa em Joanesburgo não tem como foco os negros pobres dos guetos. O que vemos são negros com um alto padrão de consumo e em um ambiente universitário. Para não sermos spoiler evitaremos detalhes, contudo é o lugar de fala do protagonista que desencadeia as questões centrais do filme, o lugar de fala de um negro de classe média professor universitário problematizador de questões do cotidiano - alguns de vocês até acham que já conhecem esse filme, né? Cuidado! Também nessa obra nada é exatamente óbvio e alguns podem até demorar certo tempo para assimilar o fluxo de ironias! 


De todo modo, entre discursos de fora e de dentro da nossa realidade mais próxima, o olhar de cada um sobre essas obras vai depender das cores que aprendeu a usar no seu cotidiano e das consequências que esse matiz de cores pode oferecer. Nesse sentido assista essas obras e perceba se elas vibram em preto e branco ou de acordo com o colorismo que é ensinado nas redes sociais.



domingo, 8 de julho de 2018

Incontornavelmente

Quando Salvador Dalí, Pablo Picasso, Charlie Chaplin, Monteiro Lobato, Vladimir Nabokov, Clarice Lispector, Woody Allen, Roman Polanski e Vinicius de Moraes são tornados os inimigos da civilidade e aqueles que os combatem são partidários da "Arte de resistência" é sinal que esse mundo deu errado. E muito!


domingo, 6 de maio de 2018

Sexo Capital!

Já que ontem se celebrou o nascimento de Marx e hoje o de Freud, que fique claro:inconscientes do mundo, uni-vos! Uni-vos, pois o sexo é o ópio do povo na medida em que tudo que vem do Édipo se desmancha no ar!


quinta-feira, 22 de março de 2018

Nudez total!

Vazamento de dados do Facebook, bate-boca intermitente entre ministros e apagão elétrico e moral do país já não chocam mais. A realidade é apenas ficção sem Photoshop! 


sábado, 17 de fevereiro de 2018

Sobre dEUs ou sobre a roupa que revela a nudez do EU

1- Hoje é sempre a hora pra saber a diferença entre autoestima e narcisismo!
2 - Sou um cara que vive pequenos  momentos de genialidade entre grandes momentos de imbecilidade... e tô no lucro!!! 
3 - Se essa mensagem te tocar inconvenientemente não me acuse de assédio! 


O segredo da juventude

Envelheci
e as estrelas continuam no mesmo lugar
eu é que não

Envelheci
e sinto falta da noite enquanto reino do mistério e da paixão
sinto falta da falta  que faz o que sinto ter sentido

Envelheci
sem saber de cor e salteado
o que  Mick Jagger faz pra seguir em frente...


Quando

Quando ando nos trilhos
ando em rota de colisão com o trem que vier em sentido contrário
e em rota de colisão estou em minha eterna zona de conforto

Quando ando na linha

não é uma linha exatamente reta,
e é uma linha costurada por uma agulha encontrada num palheiro

Quando ando nas nuvens

o passo anterior é o pódio de chegada
num movimento com ancora ao léu...


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Leonardo dá 20!


De acordo com o Dr. Punk Freud, vivemos um tempo que eterniza o próximo minuto e depois o esquece. Nesse sentido, nada é mais eterno que a Monalisa, uma obra para além do tempo, segundo os modernos. No outro lado da moeda, nada é mais fugaz que uma camisinha com visual pop que se usa e se joga fora junto com a emoção envolvida, segundo os pós-modernos. Esse produto aqui une o eterno e o fugaz, por um preço baixo. Assim, qualquer transa dura e vale uma eternidade e depois vai pra lata do lixo. O atual modelo de Carnaval segue essa lógica. Sem culpa e sem desculpa!