sexta-feira, 16 de maio de 2014

The Rolling Stones

Antes, Sísifo carregava a pedra montanha acima em sua longa jornada para expurgar os males seus, que no fundo eram os males da humanidade, daquela humanidade que em tenra idade buscou sentir o gosto da liberdade. Em um certo dia, com sua carga homérica nas costas,  Sísifo escorregou no nada e a pedra o levou montanha abaixo. Sísifo rolou com a pedra. Rolou com a pedra, se confundiu com ela e sentiu o mundo girando ao seu redor. Desde então o mundo nunca mais foi mesmo, já que após a queda cessar o mundo continuou a girar cada vez mais rapidamente. Assim, a roda foi reinventada com o ser humano fazendo parte dela. Desse modo, a dialética ganhou corpo no calor do movimento livre da carne e do sangue em contato com a pedra.  A pedra que rolou não criou musgos, não se prendendo ao terreno que poderia paralisá-la, não sendo apenas mais uma pedra no caminho, mas o caminho das pedras. A pedra rolada montanha abaixo com Sísifo criou novos atalhos para novas pedras rolantes,  fazendo com que o mundo girasse em velocidade sempre mais vertiginosa. Hoje, os órfãos de Sísifo estão carecendo de novas pedras, novas quedas, que forjem outros atalhos, outros sentidos. Que rolem as pedras!