terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Uber future!

Aquele que sobreviver aos tsunamis da terraplanagem de 2019, 
em 2020 já pode ser coach de si mesmo!

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Mais uma D.O.S.E.!

O Natal deve ser o momento para consumir sem ser consumido. Esqueça o shopping! Consuma a vida antes que ela te consuma!
A verdadeira mensagem natalina é: consuma mais uma D.O.S.E.! (Dopamina, Oxitocina,Serotonina, Endorfina) sem medo de não ter como pagar!

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Sob o olhar do Grande Irmão

Com a alma hackeada o ser humano descobriu que não passa de um replicante sem Blade Runner pra legitimar sua existência tóxica...

terça-feira, 16 de julho de 2019

Na Terra plana

O menino joga a bola
mas é ele que rola
ele que rola

Entre e saia

Entre uma palavra e outra existe silêncio
entre uma vírgula e outra se existe e ponto!

Entre uma frase e outra respira-se o som
entre um texto e outro, reticências... 

Invernando

Me perguntaram em que lugar passarei as férias e respondi que em algum lugar no qual nem eu possa me encontrar. Simplesmente por estar em luto de mim mesmo. Dessa casca velha que não cai, desse dente de leite que azedou, já tendo dado tempo pro ar dos pulmões se tornar algo puramente tóxico, até anular o efeito de qualquer droga. Sim, nem as drogas fazem mais efeito nesse lugar onde o sexo já foi religião, mas ficou com cara de museu abandonado por falta de visitação inesperada. Nesse lugar onde sucesso e fama sempre foram uma maldição bem-vinda, mas você ou vocês sabem que isso sempre foi poesia. Na realidade a teoria nunca funcionou e esse deve ser seu charme. Mas quem liga pra charme depois dos 50? Só os imbecis da cultura da selfie que chegam aos 50 bem antes dos 30. Eu sou da cultura do self, mas esse nunca foi mais que um arquétipo. Um arquétipo tornado estereótipo! Sim, esse não-lugar é um daqueles lugares no qual já não quero passar férias. Um zoológico das almas penadas, das sombras prisioneiras da luz fria e distante que faz das religiões o sexo mais perverso. Nem um robô com corpo de Barbarela servirá como babá nesse lugar. Nem uma babá com os desejos de Barbarela vai fazer o robô se emocionar. É desse lugar que quero fugir quando entrar em férias. Férias que deveriam ser eternas. Férias dessa vida esperando por férias muito bem remuneradas. Tô cansado de esperar por essas férias e não suporto ouvir alguém perguntar por elas. Fodam-se as férias! Quero desejar não sonhar com ter férias pois isso transforma o cotidiano em um pesadelo. Quero férias do pesadelo! Mas pra isso vou precisar mais do que nunca manter um olho aberto enquanto o outro está fechado preocupado com o que você ou vocês pensam de mim. Que se foda o que vocês pensam, se é que pensam. Quero férias do que você ou vocês pensam ou sentem. Simplesmente! E não tenho a mínima obrigação de expor meus sonhos de consumo pra vocês ou inespecificamente você, facção de invejosos estupidamente sorridentes numa única face! De qualquer maneira eu vou continuar escrevendo uma resposta pra uma pergunta que não cala mesmo sem interlocutor pois esse texto não acabou. Não antes de ejacular litros de frustração e rancor, pois sem isso o êxtase não faz sentido. Êxtase é esvaziamento de tensões, é catarse visceral do indizível. Só isso. É disso que se constrói a possibilidade de autênticas férias. Só isso. Tudo isso.

sábado, 29 de junho de 2019

Liberdade por decreto - ser jovem no Brasil contemporâneo é benção e/ou maldição?

Em meados dos anos 80 do século passado foi lugar-comum que pais mais jovens e atualizados com a Modernidade buscassem um ambiente de maior permissividade para seus filhos, afinal saindo do período ditatorial no qual havia muitos limites na pedagogia do cotidiano, o projeto civilizatório foi poder liberar o reprimido, "desproibir" o proibido. Sexualmente, de modo mais vistoso, mas também em vários campos comportamentais e dos costumes, como os da religião, da política e do uso de drogas, por exemplo. E quando não eram os pais que buscavam essa perspectiva, muitos filhos mais sintonizados com aquele Zeitgeist buscavam, o que acabou gerando alguns conflitos geracionais em torno das fronteiras entre a liberdade e e segurança. Muitos como eu que se preocupam em compreender a problemática posta fazem parte dessa geração na qual ser jovem era dar margem ao lado existencial, sem muitos limites pragmáticos. Essa narrativa andou de braços dados com uma certa "psicologia da juventude" dominante no período e influenciada por pensadores como Fromm, Reich, Laing e Cooper, que não por acaso foram abraçados e também abraçavam os discursos políticos da Esquerda. Naquele período tal leitura teve forte penetração em alguns nichos ávidos por interpretações das sociedades contemporâneas e muitos jovens universitários de Humanas, principalmente, buscaram esse referencial de liberdade amplo e impactante. Por outro lado, esses mesmos se deram ao luxo de permanecer pouco antenados com um fenômeno que ganhava corpo também naquela década: a globalização e seu modelo de Mercado. Foi aí que houve uma ruptura paradigmática nos discursos da juventude com o surgimento dos yuppies que começaram a obter notoriedade como jovens um tanto caretinhas quanto aos costumes, mas bem sucedidos nas carreiras, não necessariamente oriundos da área de Humanas. E não necessariamente de Esquerda. Para esses jovens a liberdade almejada era um meio para ganhar dinheiro e conquistar espaços antes permitidos apenas aos adultos bem estabelecidos com carreiras profissionais exitosas e enraizadas de longa data. No rastro dessa ruptura gradativamente ganharam destaque os jovens nerds que mergulharam nas tecnologias recém-surgidas nas formas de computadores, celulares e games como último refúgio para alcançar a felicidade, mas no geral com poucas habilidades sociais para socializar face a face. Completando o quadro, já nesse atual milênio surgiu a geração "floco de neve" que já nasceu cercada por tecnologias de redes sociais e que prolonga o fim da adolescência até os quase 30 anos, com baixa resiliência aos Nãos do mundo do estudo e do trabalho e que convenientemente vai postergando seu desmame da casa e do cuidado dos pais.





No atual mundo líquido e tecnológico o que mudou em torno do conceito de juventude? Basicamente a ideia de que uma liberdade ampla, geral e irrestrita como sonhada nos anos 80 não era lá a melhor coisa do mundo, pois os jovens precisavam e buscavam alguns limites, alguns controles sociais que lhes garantissem que poderiam envelhecer com segurança. Liberdade (individual) sem segurança (social) passou a soar como coisa de hippies que negavam valores estabelecidos, mas que não construíam valores substitutivos sólidos. E o futuro desses se resumia a negação dos costumes previamente estabelecidos e marginalização/exclusão no campo da produção do trabalho formal. Até aqui talvez a maioria dos leitores com mais de 35 anos concorde que conhece a história. Agora vamos tentar compreender o que isso tem a ver com o atual momento político do Brasil, embora tal debate seja mundial. Um dos detalhes que chamam a atenção dos filósofos de plantão nas redes sociais é a grande adesão de jovens ao discurso de Bolsonaro, um político que em quase três décadas de vida pública pouco fez política, mas conseguiu se tornar presidente do Brasil. Quando o fenômeno da atração desses jovens - principalmente do sul e do sudeste, regiões menos pobres - por um político com esse perfil se mostrou incontornável tentaram rotular essa juventude de fascista, mas aos poucos essa leitura precipitada foi caindo por terra e é observável que o buraco é mais profundo do que aparenta. Se levarmos o parágrafo anterior ao extremo vamos perceber que a construção do discurso politicamente correto que cresceu muito no começo desse milênio se sustenta em dar limites, em deixar explicitado o que pode e majoritariamente o que não pode em relação aos Direitos Humanos, ao respeito pelo diferente e contraditório, tendo como ferramenta de intervenção social o saber dizer NÃO aos comportamentos e costumes politicamente incorretos. Em grande medida esse discurso se caracteriza por naturalizar que só implementando limites muito rigorosos e rígidos as minorias seriam respeitadas na amplitude de seus direitos. Então, diferentemente da geração dos anos 80 que buscava a desconstrução dos limites temos agora uma geração que pedagogicamente escuta mais não do que sim, sendo ensinada "a crescer" muito mais pela construção de novos limites em relação ao que é diferente do que pelas buscas de interação com o diferente, tanto que o resultado foi a formação de bolhas que dificilmente são transpostas limitando os iguais em relações excludentes com os diferentes. E quando o discurso dos movimentos identitários se tornou mais presente esses limites se tornam mais rígidos. 




Nos desdobramentos das jornadas de junho de 2013 quando a juventude mais uma vez buscou seu lugar de fala no campo político, - e juventude aqui vai muito além de nerds, "geração floco de neve" e identitários, atingindo todo um espectro heterogêneo de jovens sem vozes ativas e sem lugares sociais assegurados, incluindo os neopentecostais - surgiu um capitão reformado que dizia não fazer parte do "sistema político viciado" pregando que as pessoas possuem direito de dizer o que quiserem pois isso é liberdade de expressão. Que possuem o direito de se armarem pra defender sua liberdade física e patrimonial. Que possuem o direito de dirigir um carro do jeito que bem entenderem pois um carro é para ser dirigido com prazer e liberdade, do mesmo jeito que possuem o direito de pilotar um ciclomotor sem fazer aula em auto-escola. Um capitão que fazendo parte do exército teve a ousadia de peitar seus superiores - sua mais ousada intervenção política - por maiores soldos o que lhe rendeu fama de rebelde no meio dos temíveis homens de farda. Para muitos jovens que - mesmo e principalmente de modo inconsciente - buscavam o ideal de liberdade esse capitão - por ironia, um filhote da ditadura - pareceu pregar exatamente a liberdade que o discurso politicamente correto e os movimentos identitários pareciam negar com seus infinitos NÃO pode dizer isso, NÃO pode fazer aquilo! Talvez essa seja a leitura psicológica que deve ser feita em torno da adesão da juventude ao bolsonarismo e não uma ingênua interpretação de que se trata da mera consequência da educação oriunda de pais analfabetos políticos. Para esses jovens em questão, pouco interessados em ler os autores clássicos da área de Humanas, autoritarismo e fascismo acabam sendo o discurso do chamado comunista que procura impor limites aos seus sonhos de liberdade irrestrita, sonhos construídos entre videogames e redes sociais nos quais seus egos foram adestrados para se sentirem amplamente narcisistas aos amarem inclusive seus limites cognitivos como se fosse sua única possibilidade de identidade social. Esse perfil de jovem tende a considerar que o capitão rebelde Bolsonaro prega a liberdade, mesmo que seja a liberdade para se comportar como uma criança mimada e inconsequente.




Enquanto a esquerda politicamente correta - que influencia diretamente incontáveis pais e educadores progressistas - não compreender que muitas das consequências de suas pautas estão sendo construídas em torno de restrições à liberdade ampliada, em torno muito mais dos limites do NÃO que da fluidez do SIM, uma parcela da população jovem que não lê livros de história, sociologia ou psicologia - não devemos esquecer que os índices da educação no país são desanimadores no geral - vai estar sempre à mercê de líderes populistas, como o capitão rebelde, líderes que lidam com a psicóloga das massas, massas de jovens que querem escutar infinitos SINS, por mais estúpidos e imbecis que esses líderes possam parecer ao restante da sociedade. Por quê? Porque se muitos jovens podem ser estúpidos e imbecis - por mais desagradável que seja essa constatação - eles encontraram um líder que lhes fala de igual para igual em um processo de identificação que psicologicamente "soa realista". Não devemos esquecer que o universo simbólico dessa juventude é povoado por heróis de sagas cinematográficas ou de games, em grande parte também militares rebeldes, que resolveram combater o sistema como Os Vingadores, Mulher-Maravilha e Pantera Negra. Com a capacidade simbólica atravessada muito mais pelo conforto metafísico gerado pelo universo desses heróis e pelo simulacro de aura de prósperos influenciadores digitais do que por leituras de Freud ou Marx - na menos pior das hipóteses, influenciados por leituras de autoajuda e de coaching - tais jovens encontraram um líder com capacidade cognitiva linear e simplista como a deles, que age por impulso quando comanda a nação pelo Twitter, como muitos deles fazem para "resolver problemas afetivos" via WhatsApp, e que prega um tipo de liberdade imersa em ausência de limites - principalmente para quem não defenda os Direitos Humanos - e por isso extremamente sedutora para os que ainda sonham em ostentar uma identidade, atualmente em construção. O que é preciso para mudar essa situação estrutural? Talvez sonhar com uma agenda mais positiva de uma Esquerda pedagogicamente menos enrijecida pelos contornos repressivos do Não, com mais conhecimento de psicologia, principalmente das massas, e que saiba que liberdade quando construída por decreto só gera alienação. Talvez esse seja o caminho para evitar que o sonho continue sendo convertido em pesadelo.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Crise de representatividade

Na medida em que os arquétipos perderam terreno para os estereótipos o self cedeu espaço para as selfies. 


sábado, 16 de março de 2019

GPS

Alguns caminham observando o movimento dos pés e nem sentem o peso da cabeça arqueada. Outros caminham observando o caminho e sabem que o seu norte só depende dos limites do sul.  E há aqueles que não percebem a diferença entre os dois tipos de movimentação citados. Estes últimos possivelmente não estão saindo do lugar. Ou estão voando tão alto que perderam os limites!

domingo, 13 de janeiro de 2019

Apresentando as armas


Exercendo minha cidadania sou a favor da posse de autonomia e do porte de consciência crítica em variados calibres e com farta munição!