sábado, 21 de junho de 2014

Maré Virtual

O peixe que nasce sem asas
no tudo, nada!


Uruguai X Inglaterra

Chamou a atenção a quantidade de torcedores brasileiros se manifestando em favor do Uruguai em função do grande jogo contra a seleção da Inglaterra, com destaque para a atuação de Suárez, "El Matador"! Alguém chegou a dizer que se emocionou mais com o segundo gol do artilheiro do que com os gols do Brasil - emoção que também vivenciei. Um detalhe que deve ser salientado é que nesse momento nenhum desses torcedores, inclusive eu, trouxe para o primeiro plano que Suárez pegou um gancho de oito jogos em 2012 por ofensas racistas contra Patrice Evra num jogo entre Liverpool e Manchester United, muito menos resgatou a lembrança do Maracanaço no qual o Brasil perdeu a Copa de 50 em casa para o Uruguai.

Seria mais fácil apontar que a memória do torcedor é curta, mas também é possível pensar que certas questões dolorosas são superáveis quando o prazer de viver intensas emoções no presente é abraçado plenamente pelo coração. Eis o grande barato do futebol como esporte mais popular do planeta, gerar a superação de traumas, preconceitos e estigmas - ou criar outros - nem que seja por um momento fugaz, porém, de imensa intensidade. Esse é o grande gol que não precisa ser craque para marcar, basta jogar com o coração!


Espanha X Holanda

Não é de hoje que o futebol foi transformado num circo transnacional. Jogadores, principalmente latinos, cada vez mais jovens rumam para a Europa ou para a Ásia, em certos casos tendo pouco contato com sua cultura natal. Isso é aceito mundialmente por quase todos os torcedores sem maiores controvérsias. Entretanto, parte desses mesmos torcedores não consegue transcender o bairrismo quando se trata de disputas entre seleções. É esse tipo de falta de reflexão mais ampla que fez com que, por exemplo, boa parte da torcida na Fonte Nova no jogo entre Espanha e Holanda, vaiasse o brasileiro Diego Costa por vestir a camisa da seleção espanhola. 

O que essa intolerância não consegue assimilar é que se Diego pode ganhar o dinheiro do Atlético de Madri, ele também pode optar por representar a seleção que lhe oferece melhores condições para conquistar seus objetivos. Esse exemplo mostra como parte da população vestiu a camisa do time dos que manifestam sua voz, sua frustração (agora já pode), entretanto, acaba canalizando sua energia pro alvo errado. O problema não é Diego Costa, o problema é a mercadificacão selvagem do futebol e de vários aspectos da nossa vida cotidiana. Se é legal poder vaiar e protestar contra o que se acha errado, é preciso ter mais capacidade de reflexão para não vaiar e protestar contra a parte mais frágil do jogo, já que isso é mais fácil, porém de pouca resolutividade. De modo geral, essa é uma característica dos que aprenderam que podem lutar, mas ingênua e covardemente, lutam contra os mais fracos que muitas vezes estão do mesmo lado do jogo.


Brasil X Croácia

Muitas vezes ao longo da história, foi demonstrado que quem cava, cava a própria cova. Contudo, a história também aponta que, quando quem cava é um malandro, este pode estar cavando em busca de um tesouro escondido. Agora, se o malandro em questão for um brasileiro tirado a moderninho, quem cava, cava um pênalti como fez Fred, e esse é o tesouro que o malandro brasileiro valoriza mais que qualquer Jack Sparrow valorizaria um baú cheio de ouro.


Torre de Babel

Nesse mundo globalizado os frequentadores da Torre de Babel se comunicam cada vez com mais naturalidade. Estava curtindo um rolê pela orla e escutei um papo entre uma suposta nativa e uma possivel gringa. A turista meneava a cabeça positivamente ao que a sua interlocutora completou: "Sim! The best acarajé da vida!". 
Continuei o rolê e todos fomos felizes para sempre. C'est la fucking vie!