sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Metaverso

 



Fechados em uma sala de espelhos buscamos encontrar as saídas das entradas centrais e os fins dos princípios que nos regem. Os espelhos refletem a solidão que vem de fora, das ruas invertidas com a chuva de verão caindo de baixo pra cima. Um raio  de sol entra por uma fissura em alguma das superfícies espelhadas e a sala se transforma em caverna de Platão, em mesa cirúrgica sem anestesia, em útero juvenil. 

Lá fora, só há  futebol e carnaval na Praça dos 3 Poderes. As igrejas e as escolas estão vazias, as estações de ônibus e metrô são estações-fantasma. Fechados em uma  sala de espelhos o 5G é o único ponto de prazer, conexão em looping com o Pix. As saídas e as entradas centrais se confundem com os fins e os princípios que nos regem como um maestro cego e surdo fazendo a orquestra tocar por empatia.

A música toca nossa alma enevoada e assim sabemos que estamos no metaverso que é um universo cheio de espelhos em sentido reverso, onde os de fora refletem nos de dentro sua nudez espiritual  amorfa e invasiva, num jogo infantil com regras adultas: não se pode desistir de dançar conforme a música e quem perde o passo se torna uma imagem que já não reflete. 

Metaverso, multiverso, universo são camadas de uma cebola que nos fazem chorar quando tentamos despi-las com uma faca sem poder de corte. Temos a faca, mas não temos o queijo, temos apenas espelhos que como cebola cortada nos deixam em prantos quando temos coragem para abrir os olhos vermelhos e míopes. 


segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Viva o Dia dos Mortos

 


Há quem busque poesia nas palavras floridas

e há quem viva poesia nos momentos 
de silêncio, de ação e de inércia 

Há quem busque sabedoria nos ícones reconhecidos
e há quem encontre sentido nas dúvidas  que vem sentindo 

Há quem busque riqueza nos troféus recebidos 
e há quem descubra conforto nos erros que já não são repetidos