sábado, 14 de novembro de 2015

Além da imaginação

A humanidade como nós a imaginamos nunca existiu, ou se preferirem, nunca existirá, para além da nossa imaginação. Seja por questões de ganância (no caso do antigo Rio Doce, hoje azedo) seja por intolerância (como nos acontecimentos em Paris em janeiro e no dia de ontem), está claro que a humanidade não é como nos disseram que é. E como conviver com esse descompasso? Com certeza não deve ser de forma passiva, zapeando com o controle remoto na espera de que as autoridades "responsáveis" saibam o que fazer. Não saberão, apenas por serem autoridades, apenas por sustentarem suposta competência. É preciso usar a imaginação de modo politicamente inovador para gerar novas possibilidades de convívio tanto com humanos que sustentam hábitos diferentes, como com a Natureza, cansada de tanta exploração insustentável.


Nesse momento em que o sofrimento pode e deve abalar a fé nas instituições que regem o presente é preciso compreender que o fim da infância da Modernidade chegou, com alguns traumas acumulados. É preciso crescer, principalmente, aqueles que vivem na síndrome de Peter Pã, achando que o mundo é uma eterna festa na qual o papel central se limita a fazer selfie, curtir e compartilhar e de vez em quando lamentar que aconteceu uma tragédia. Tá na hora de sair da zona de conforto e superar a servidão voluntária, pois senão, só restará um luto aqui e uma depresssãozinha acolá. E por mais que os remédios tarja preta estejam ao alcance da mão, a dose nunca será suficiente para imaginar um novo amanhã que realmente seja novo.