sexta-feira, 18 de julho de 2014

À espera dos Super-Heróis!

Mudanças curiosas estão acontecendo no panorama mundial. Nas últimas  três semanas alguns heróis de carne e osso deixaram a cultura do planeta órfã com seus falecimentos: Bobby Womack, Johnny Winter, João Ubaldo Ribeiro. Por outro lado, um tipo diferente de herói vai passando por transformações que deixam algumas "minorias" menos órfãs: O Capitão América passará a ser negro e Thor será  mulher, pelo menos nas versões em quadrinhos. 
Ampliando as dimensões do quadro, o heroísmo parece realmente estar fora de moda: Nas últimas duas semanas a Faixa de Gaza se transformou num grande cemitério e mais um avião da  Malaysia Airlines se tornou veículo da última viagem para muitas dezenas de pessoas (entre essas, cerca de uma centena de cientistas que faziam pesquisas "sem fins lucrativos" para encontrar uma cura para a AIDS), dessa vez  confirmadamente por intervenção intencional de alguns.
Há outro tipo de morte e de renascimento nesses últimos dias:  a do futebol brasileiro e do alemão são exemplos que fazem a cultura  desses dois países - não apenas, mas principalmente -  serem vistas de outra forma. A primeira, prisioneira da ganância dos pajés da tribo e do sentimentalismo dos guerreiros e dos seus seguidores. A segunda, empoderada pela racionalidade dos líderes que não desprezam a administração das emoções dos seguidores e dos adversários.
Pensando bem, será que realmente são mudanças ou é a continuidade de um tempo no qual o contraste entre o muito que se pode fazer e a imensa dificuldade em realizá-lo é cada vez mais evidente? Sim, pois até a morte pode ser adiada ou transmutada, principalmente quando se dispõe de tantos recursos tecnológicos como hoje - dos transplantes de células tronco a aplicações de ozônio. O problema é que a disponibilidade de tais recursos é inversamente proporcional a disponibilidade ética de correr atrás do bom senso político, pois esses e outros procedimentos do gênero são "caros"! 
Ok, ano passado um super-herói gay saiu do armário, o Lanterna Verde, agora um outro muda de etnia e um terceiro muda de gênero. Mas esse punhado de super-heróis politicamente corretos é muito pouco pra salvar esse mundinho tão esquizofrenizado. Ou não? Será que eles conseguiriam equilibrar a influência da economia no mundo da política? Será que eles conseguiriam fazer os radicais com seus fundamentalismos políticos e religiosos baixarem a guarda? Será que eles poderiam fazer a música, a literatura e o futebol se tornarem menos bens de consumo e mais ferramentas culturais de transcendência? Se conseguirem, esse mundo (nos moldes contemporâneos) talvez ainda tenha chances de retardar ou transmutar a sua morte.


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