Tem sido ventilado q há uma nova
Classe Média em atividade, abrangendo, grosso modo, àqueles q os institutos de
pesquisa com seus censos e surveys de fim de semana batizaram anteriormente como
pertencentes às Classes C e D. Esse referido segmento da população equivale aos
q, na última década, passaram da condição de pobreza, na qual apenas consumiam
o suficiente para se manterem vivos e com potencial de trabalho (geralmente sem
carteira assinada), a condição de incluídos na cultura de consumo, na qual
frequentam Shopping Centers não apenas para namorar vitrines. Q estes cidadãos possuem
um maior potencial de consumo é fácil de constatar em sentidos amplos e
ambivalentes - basta lembrar q o País deixou de ter muita gente passando fome
para ter um grande segmento populacional q corre risco de sofrer com os danos
da obesidade. Mas seria justo rotular esse segmento de nova Classe Média?
Um ponto q parece fundamental
para definir sociologicamente a categoria Classe Média é q seus “frequentadores”
tenham posse de um determinado capital cultural incontornável, o tempo. Vejo
algumas pessoas q deixaram de ser pobres e desfilam por aí com seus carros cujo
modelo é trocado todo ano, com seus smartphones e tablets de última geração,
suas novas moradias em bairros q podem ser considerados luxuosos com seus
requintes de segurança, mas trabalhando de domingo a domingo para manter esse
padrão de ostentação, alguns com financiamentos e dívidas sempre por vencer. No arriar das malas, quando viajam pra Buenos
Aires ou Miami, assim q chegam já estão arrumando as malas pra voltar (claro q
essas 24 ou 48h estarão amplamente registradas no Facebook e no Instagram) e
possivelmente dizem: descansar é perda de tempo.
Se a antiga Classe Média se dava
ao luxo de trabalhar dentro de um tempo planejado (levando em conta q boa parte
dela vivia no cabide de emprego q a geração getulista herdou só pisando na
repartição para receber o contracheque, mas também levando em conta os q
trabalhavam no máximo dez meses e meio por ano, considerando férias e feriados,
para aproveitar o mês e meio restante) essa nova Classe Média quase não pode se
dar ao luxo de ter férias. A única exceção
q vai se configurando como possibilidade para usufruir o “tempo” enquanto um capital
cultural tornado exótico, está ao alcance dos oriundos da Classe Alta, totalmente
incluídos na cultura de consumo, e cujo
ócio pode ser criativo ou não. Por outro lado, os q são chamados de párias e de
marginais, (muitas vezes sobrevivendo em situação de vulnerabilidade), pelo
gradual enxugamento do mercado de trabalho não sendo candidatos a inclusão econômica,
pelo menos não no mercado formal, são os q mais trabalham. E pelo q temos visto,
pra ser um marginal de longa durabilidade no Brasil (q não se confunda esse
sobrevivente com os malandros de terno e gravata q circulam por aí) é preciso
trabalhar muito, sem tempo pra pensar no valor do relógio ou no sentido da
Classe na qual são incluídos por terceiros.
Tom o Jsssé de Souza tem apontado nessa direção...
ResponderExcluirBeleza Marcus, se vc puder me passar algum material dele nessa linha vai ser uma boa. Um abraço.
ResponderExcluirMaravilha Tom. Não seria a própria definição de "classe média" uma falácia de classe, um discurso ideológico? A classe consumidora é a classe trabalhadora. Estabilidade econômica gera acumulação de capital. Capital acumulado gera oportunidades de crédito. Oportunidades de crédito acelera o consumo. E tudo parece bem. Mas... eis que a bola de crédito é uma espiral de débito. Faz-se o "homo individadus", paga-se com a alma. "Please to meet you, hope you guess my name."
ResponderExcluirE no frigir dos ovos eles dizem: "But what's puzzling you is the nature of my game"...
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