Viver em um país no qual o
poder executivo é incompetente, o legislativo é inoperante e o judiciário
politizado segue direcionando os destinos da nação, me faz lembrar da época em
que lia Kafka, Dostoievski, Huxley e Orwell. Os dois primeiros mostram que
acima do óbvio cotidiano existem camadas de valores insuspeitos que só
percebemos quando cruzamos o limite entre nós e as instituições (muitas vezes
invisíveis) que nos cercam. O penúltimo apontou que a melhor forma para
controlar as pessoas é dando-lhes a ilusão de viver em liberdade. Do último,
trago a lembrança de que o método mais eficiente para manipular o presente é
reescrevendo o passado. E a Velha República, a ditadura militar e a Nova
República foram tão bem reescritas por atores sociais que construíram seus
castelos para além do bem e do mal - com isso sentindo-se livres e acima das
instituições - que hoje alguns juízes, com togas que parecem capas de
super-heróis (e mesmo os que não as usam se comportam como se a usassem), já
não se importam se o país é presidencialista ou parlamentarista, eles são os
donos da bola com a devida conivência de boa parte das torcidas e dos donos dos
castelos. E como a maioria não lê nada que está para além das redes sociais,
nem recomendo os autores citados, pois em breve estreia nos cinemas: Capitão
América, guerra civil - ou algo assim. Eis uma boa oportunidade para começar a
reescrever o presente sem queimar os dois neurônios restantes...
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