Passe livre! Sim, o passe livre deveria ser um passaporte
incondicional q todo cidadão possui num Estado Democrático de Direito para
garantir o q está posto na Constituição, seu direito de ir e vir. Ir e vir tanto no
sentido simbólico - entre um valor e outro; seja valor religioso,
valor de gênero, valor étnico, valor de classe, valor etário, etc - quanto no sentido
pragmático, garantindo assim, minimamente sua tão necessária mobilidade urbana.
Na prática, sabemos q nenhum dos dois níveis de mobilidade está
garantido e o sentido imediato imputado pelo/ao Movimento q se move pelas ruas de algumas cidades do país é o sentido da mobilidade possível e necessária para disparar as
outras duas, mobilidade q começou em grande parte com jovens universitários de classe média e
chegou aos mais variados setores da população, alguns até então vistos como
incompatíveis. Nesse sentido, seria ingênuo, tanto acreditar q as
manifestações em curso se referem aos R$ 0.20, quanto achar q as possíveis
soluções sejam efetivadas num curto prazo. Lembrando q tais manifestações
apontam os dedos médios para a crise de representatividade político-social
brasileira (e também global) durante, não por acaso, o período da Copa das
Confederações, o governo deve renovar suas representações frente ao seus
eleitores atuais e futuros por intermédio de reformas políticas-administrativas até o início da
Copa do Mundo, pois esse é o ponto de chegada da atual Copa.
Se até lá tais reformas não surtirem efeito, todo esse projeto
de governabilidade vai promover seu grande gol-contra, já q em doze meses o Passe Livre tende a se organizar e programar objetivos construídos em forma de pauta de reivindicações, pois nesse momento presente o objetivo foi muito mais desconstruir as bases de um sistema de representações falido. Para ambos os lados, basta lembrar q todo o
investimento em estádios e infra-estrutura só será amplamente lucrativo se a próxima Copa for um
êxito, a atual só tem potencial para gerar capital político, excetuando, claro,
os superfaturamentos q já foram amplamente divulgados. E nem é preciso
dizer q os desdobramentos desse projeto, q se estende até as Olimpíadas, se
tornarão uma operação de altíssimo risco.
Desse modo, o aviso está dado, as sementes foram bem plantadas,
mas q a população não espere colher frutos de imediato, de imediato só
foi garantido q a mobilidade da cidadania construída em busca de seus direitos voltou
a correr pelas ruas do país entre postagens em redes sociais, balas de borracha e spray de pimenta.
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