Poesia Não!
Não me encontre no verbo
claro, preciso, fluente
onde as coisas estão
parciais, tranquilas, torpentes
preciso de um golpe tenso
denso e obscuro no seu urgente
Não me enxergue no verso
métrico, alexandrino, coerente
onde estão as coisas
óbvias, medianas, prudentes
demando um choque intenso
eterno no seu presente
Assim como palavra de ordem
faz barulho
o calar que consente
fala mudo
pois se a mensagem cifrada
não é dita
a palavra falada
já foi escrita
Não me ache nesse texto
normal, direto, fraternal
necessito de um certo piso
quente, áspero, contundente
as coisas estão onde
não há quem as sustente
Não me perca nesse contexto
plástico, asséptico, transparente
pênaltis cavam-se em terrenos
verdes, vivos, reluzentes
as coisas onde estão
tornam-se reticentes...
O telegrama fonado
é sempre falado
bem como o porta voz do estado
sorri calado
Cem palavras-chaves
não abrem 1 porta,
pois o livro acabou
em linhas tortas...
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